quarta-feira, 29 de maio de 2013

Camponeses do Araguaia será exibido na TV Brasil, neste sábado

Depoimentos e imagens de arquivo recontam essa importante resistência armada
Fonte: Portal EBC

Ocorrida entre 1972 a 1974, a Guerrilha do Araguaia é um episódio importante da história do Brasil. Na época da ditadura militar, a região em que a guerrilha ocorreu foi palco da maior resistência armada contra o regime ditatorial. O local recebeu um contingente militar comparável ao da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
O movimento guerrilheiro, organizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), resistiu porque conquistou o apoio dos camponeses que ali viviam. Para aniquilar a resistência, houve uma repressão brutal. Além dos guerrilheiros, os moradores foram alvo de torturas e assassinatos.
O documentário Camponeses do Araguaia – A Guerrilha Vista Por Dentro traz o depoimento de pessoas que foram vítimas da truculência da ditadura e hoje lutam para que o Estado reconheça os crimes cometidos e anistie os atingidos pela repressão. Inédito. 73 min.
Ano: 2010. Gênero: documentário. Direção: Vandré Fernandes
Não recomendado para menores de 16 anos

terça-feira, 28 de maio de 2013

Câmara de Porto Alegre votará criação de Frente em Defesa do Serviço Público


Vereadores de Porto Alegre debaterão a criação da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público amanhã 29/05 às 14h no Plenário Otávio Rocha, aberto ao público.
Amanhã quarta-feira, dia 29 de maio às 14h, os vereadores de Porto Alegre discutirão a pauta da criação de uma Frente Parlamentar em Defesa dos Municipários e pelo Serviço Público de Qualidade. A agenda é saudada pela categoria de trabalhadores do serviço público do município. 
Alexandre Dias (na foto com o microfone).
A professora da rede municipal de ensino Silvana Conti entende que a criação  dessa Frente "é muito importante para que se possa ampliar e organizar a defesa e a valorização dos municipários e da qualidade efetiva dos serviços públicos". 




Para o municipário Alexandre Dias, a inicativa não só contribui para a defesa dos funcionários, mas também pela qualidade dos serviços públicos prestados a toda a população. "Por isso a presença amanhã de todos os interessados em um serviço público de qualidade devem estar presentes amanhã para garantir essa aprovação", reforça.

O debate da pauta ocorrerá na Câmara Municipal, no Plenário Otávio Rocha, sendo aberto ao público.

Franklin Martins quer que o governo lidere o debate de uma nova lei da mídia

Em coletiva neste sábado (25/05), Franklin Martins (na foto com o microfone) defendeu que o centro da proposta de um novo marco regulatório da mídia é garantir que quem não tenha muito dinheiro possa falar, e não restringir a liberdade das grandes empresas midiáticas.


Os desafios da mídia alternativa, do jornalismo independente e da produção livre de informações frente à vigilância e às imposições do poder tradicional foi o tema de um dos mais concorridos e movimentados debate do Conexões Globais, ocorrido em Porto Alegre/RS, no último sábado (25/05/13). Em virtude desse debate, o Blog Barão Gaucho preparou duas grandes entrevistas especiais. A primeira delas já apresentada ontem, com a jornalista da Carta Capital Cynara Menezes. Hoje é a vez de transcrevermos a entrevista coletiva de Franklin Martins concedida aos órgãos de imprensa, incluindo o Barão, antes de participar da mesa. 
Biografia

Franklin Martins tem uma trajetória extensa e importante como jornalista político. Líder estudantil ativo na resistência a ditadura civil-militar que derrubou o governo João Goulart, Martins foi ministro da Comunicação Social do Brasil durante o mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva até dezembro de 2010. No governo, Franklin Martins trabalhou com as relações do governo com a imprensa, com a publicidade oficial, com a construção do projeto de uma rede nacional pública de TV e com o debate sobre a adoção de um novo marco regulatório da mídia no Brasil. Após sair do governo, vem se dedicando a escrever e debater sobre esses temas em todo o país.

Resumo da entrevista

Nesta entrevista de meia hora de duração, falou entusiasticamente da comunicação na era da internet, apresentou argumentos consistentes em favor de um novo marco regulatório da comunicação dizendo esperar que o governo lidere esse debate na sociedade. Elogiou ainda o projeto de lei de iniciativa popular que propõe um novo marco regulatório considerando-o maduro para possibilitar um debate transparente e sereno. Afirmou que a mídia empresarial vive uma crise de credibilidade pois se divorciou da busca pelos fatos, avaliou que o Brasil vive um momento melhor do que o período da Ditadura inclusive em relação a juventude.  Disse que o centro da questão da liberdade da mídia é garantir liberdade de fala a quem não tem muito dinheiro, e não tolher a liberdade dos meios de comunicação empresariais. E finalizou, analisando a nossa lentidão em relação a outros países da América Latina que já estão mais avançados em criar marcos regulatórios da comunicação. Concluiu que temos uma característica histórica de formar lentamente maiorias, mas que nossas transformações costumam ser consistentes. Posicionou-se com esperança em relação a mudanças importantes na área da comunicação. 
O conteúdo da entrevista que repassamos ao leitor é consistente, e fizemos questão de transcrevê-lo na íntegra, a despeito de sua extensão, por julgar uma importante reflexão sobre um tema relevante da agenda nacional. Com a palavra, Franklin Martins.

A comunicação na era da internet
A internet abre a possibilidade de todo mundo falar. Isso não quer dizer que vai falar a coisa certa. Vai falar a coisa certa, vai falar a coisa errada, vai falar coisa séria, vai falar bobagem, vai ter de tudo. Mas é o seguinte: Quem disse que os donos da fala antes só falavam coisas sérias, só falavam coisas importantes e verdades? Eles também mentiam, falavam bobagem, se expressavam mal, difundiam preconceitos, defendiam interesses, então, nesse sentido, a bagunça da internet, blogosfera, tudo isso, é uma bagunça bem-vinda, embora seguramente com o amadurecimento ela vai acabar produzindo coisas vamos dizer assim mais estáveis, mas eu acho que pra juventude, olha é uma coisa extraordinária ela poder falar, chegar longe e não ter que estar pedindo licença a ninguém para entrar na discussão.
 Democracia e comunicação, velhas e novas mídias

Eu acho que nós estamos vivendo um processo de democratização da mídia apesar da mídia. Mesmo com a mídia não querendo, por causa da internet, porque como eu dizia não existe mais um único núcleo ou poucos núcleos produtores de informação, isso começou a ser quebrado, então hoje em dia você tem muito mais gente se expressando. Mas isso acontece na internet, isso acontece nas novas mídias. Nas velhas mídias não acontece, porque algumas das velhas mídias são muito caras, muito custosas, exigem recurso muito grande e por isso mesmo a maioria das pessoas não tem como reunir esses recursos pra isso, mas isso não é um problema para a velha mídia porque ela é muito custosa, exige recursos muito grandes e já não tá dando o grande retorno que dava antes, então tem muitas das velhas mídias dando problemas econômicos muito sérios, é um modelo de negócio que está em crise. Então, nas velhas mídias você tem isso e você tem concentração. Eu acho que é absolutamente indispensável que no caso das comunicações eletrônicas, e eu não estou me referindo a jornal de um modo geral, os jornais e revistas e impressos, a comunicação eletrônica vale dizer telecomunicações e radiodifusão, ou seja, tevê e rádio tem que haver mais pluralidade do que há hoje no Brasil. O Brasil não tem um marco regulatório pra isso, não tem leis, nós vivemos um cipoal de gambiarras, o nosso código geral de telecomunicações tem 51 anos de idade, ele é de uma época onde a televisão era em preto e branco, não existia satélite, não existia rede nacional, não existia videoteipe, não existia digitalização, existia mais televizinho do que televisor no Brasil, eram uns dois milhões de  televisões no Brasil, e nós continuamos com a mesma coisa. Evidente que isso não resolve o problema. E nós vivemos hoje um processo de convergência de mídias que vai diluindo as diferenças entre o que é telecomunicações e o que é radiodifusão. É muito difícil separar o que é um computador e o que é um aparelho de televisão. Cada vez vai ser mais difícil. O que é um celular e o que é uma televisão portátil. Você vai poder assistir televisão numa tevê portátil, num celular, num computador, vai poder não, já se assiste e cada vez vai se acentua. Ou seja, se não tiver regra, se não tiver uma nova pactuação é evidente que quem vai vencer é o mais forte. Se depender do mercado vence o mais forte, e no caso são as telecomunicações e um outro ator que está aparecendo que são os googles da vida que começam a aparecer e começam a se tornar porta da entrada para a internet, é um problema importante a ser discutido. Então, nós temos a possibilidade de fazer uma pactuação hoje  em dia, uma nova pactuação, um debate público, aberto, transparente, onde todo mundo participe, seja ao final decidido no Congresso. Mas tem que ser aberto, público e transparente, não é numa sala fechada com os técnicos do governo decidindo e fazendo lobby. Não, uma discussão aberta na sociedade do que nós queremos. Vamos aproveitar que tem essa passagem do analógico para o digital e uma formidável ferramenta que é a internet para oferecer mais (mais conteúdo, mais informação, mais entretenimento, mais jogo, mais tudo, mais cultura, mais serviço) ou nós vamos continuar comendo na mão de meia dúzia de grupos que fazem o que querem e querem puxar o país pra cá ou pra lá. O Brasil é um dos poucos países importantes do mundo que não tem um marco regulatório de comunicações eletrônicas e precisa ter, porque as comunicações eletrônicas são uma concessão pública a uma concessão de um espectro eletromagnético que é público, que do Estado, que é finito, que é repartido, e que tem que ter regras pra isso. Todos os serviços que são explorados em regime de concessão pública, todos sem excessão no Brasil, tem marco regulatório, tem agências que regulam, menos a comunicação. Ônibus urbano, ônibus interestadual, companhias de aviação, gás, energia elétrica, tudo o que você pensar que é uma concessão de serviço público tem uma agência reguladora e tem um marco regulatório. Menos as comunicações, no caso menos a radiodifusão por quê? Porque ela se recusa discutir e acusa qualquer tentativa séria de fazer um marco regulatório e estabelecer um marco regulatório para isso de ela acusa isso de um atentado de liberdade de imprensa, um  discurso que não cola mais. Hoje já tem muito grupo de telecomunicação, quer dizer de comunicação que há algum tempo atrás mantinha esse discurso, já foi percebendo o seguinte: "como que eu volto para o jogo, porque as teles estão passando por cima de mim e os googles da vida vão passar por cima de mim?" Só que eles fizeram o discurso de que, sabe aquela história do Antônio Magalhães, que já se foi, mas quando ele era vivo um grande líder do PFL, um líder respeitado e forte do PFL, ele dizia o seguinte: "reunião e jantar do PFL que eu não fui não existiu". No fundo a grande mídia quer dizer o seguinte: "regulação que eu não quiser, se eu não  participar e eu não quero participar, não vai existir". Vai acabar tendo que existir, porque é maior do que ela. As mudanças são maiores do que ela. 



Porque o governo Dilma não deu continuidade ao projeto de lei de comunicação elaborado no governo Lula?
Olha, ninguém vai arrancar de mim nenhuma palavra contra o atual governo. Eu digo o seguinte, o governo Lula deu uma contribuição, não tá o projeto pronto, mas eu diria que 95% das questões equacionadas, evidentemente que isso é uma contribuição e sempre foi apresentado como uma contribuição para o futuro governo, podia ser o José Serra que podia pegar e jogar no lixo, podia ser a Dilma que ganhasse a eleição e podia jogar no lixo, ou seja é uma contribuição, porque o governo Lula e eu em particular achávamos que fosse um tema relevantíssimo pra democracia e pra economia brasileira. Nós estamos na sociedade da informação e do conhecimento, se não tiver regulação nós vamos ficar patinando. Então isso foi deixado. Agora, evidentemente que é uma contribuição que poderia ser aceita no todo, aceita em parte, revista, e encaminhada para a discussão na sociedade e no Congresso Nacional. Eu espero que o governo vá encaminhar essa questão porque isso precisa da liderança do governo, trata-se de uma concessão pública, portanto precisa da liderança do governo e eu espero que em algum momento o governo faça isso e acho que existe também na sociedade,  se o governo demorar muito,  existe uma sociedade também que se movimenta e bota cada vez mais o assunto em pauta. Não é à toa que você me perguntou isso, é porque a sociedade hoje em dia está discutindo esse assunto. Ou seja, isso faz parte da agenda do país. É inevitável que se discuta isso. E essa discussão vai continuar e existe hoje em dia numerosos grupos que pretendem apresentar um projeto de lei de iniciativa popular ao Congresso para que o Congresso se debruce sobre o tema, sabendo das resistências que isso enfrentará no Congresso. Boa parte dos congressistas são donos de rádio e televisão, o que, no meu ver, no espírito da Constituição é proibido. Evidentemente eles lutarão para que isso não seja discutido, mas essa discussão é maior do que as coisas menores e ela acabará prevalecendo e tô seguro: pode haver radicalização ali, pode haver extremismo ali, mas no final o país discutirá isso de uma maneira serena, tranquila, aberta e vai progredir com essa discussão.
Avaliação da CONFECOM em 2009
A CONFECOM convocada pelo governo teve a participação de importantíssimos setores empresariais. Ela teve a participação de todas as grande empresas e todo o setor de telecomunicações. E teve a participação de parte da radiodifusão. Outra parte, a parte mais poderosa, a parte mais forte, ela se retirou dentro daquele espírito Antonio Carlos Magalhães, "eu vou sair porque se eu sair não vai ter nada". E se deu mal porque a conferencia se realizou, eu acho que a conferencia foi um marco, foi extremamente importante, embora feita de uma forma tumultuada, caótica. Olha o Brasil não discutia de forma organizada o assunto desde 1962. Os preconceitos, os temores, os resentimentos eram monumentais. Tinha gente ali que só queria declarar o princípio e sair, entende? Tinha gente ali que queria pactuar alguma coisa, havia medo de todos os lados, e o que nós tivemos? Durante dois, três dias se reuniram representantes dos setores, discutiram e aprovaram cerca de 700 propostas, muita proposta ali não tem muito sentido, etc, mas muitas propostas importantíssimas que serviram de base justamente para que o governo depois se debruçasse sobre o problema e aquilo que dizia respeito ao novo marco regulatório fossem reunidos num anteprojeto que foi deixado para o atual governo. Eu acho que a CONFECOM deixou frutos muito importantes mesmo no projeto e mesmo numa coisa meio intangível mas que eu acho muito importante, que ela demonstrou para muitos setores da sociedade civil, do governo, dos empresários de que é possível travar uma discussão séria sobre o assunto e que discutindo se avança. E outros setores que saíram pensando que iam interditar a discussão e descobriram que não conseguem interditar a discussão, porque o assunto entrou na pauta, é inevitável, e não entrou na pauta porque a CONFECOM fez isso ou fez aquilo ou porque o ministro Franklin Martins na época foi um gênio, não nada disso. É porque isso é uma imposição da realidade. Nós estamos assistindo a um processo de convergência das mídias eletrônicas em todo o mundo. A base tecnológica está mudando. E isso gera problemas novos que não podem ser resolvidos pelas legislações anteriores. E se não forem objetos de uma nova pactuação através de um processo de discussão público, aberta e transparente, quem vai prevalecer é o mercado sozinho, e quando o mercado prevalece vence o mais forte. Então eu acho que com o tempo muita gente que discute contra acabará entendo que jogou mal e que tem que voltar pro jogo.  Só uma última coisa sobre a CONFECOM: muitos órgãos de imprensa, numa tentativa de interditar o debate político sobre esse tema, na sua cobertura  muitos órgãos de imprensa disseram que a CONFECOM aprovou medidas de controle da mídia. Não aprovou nada disso. Isso é o caso típico de um péssimo jornalismo feito a serviço de posições pré-concebidas. O sujeito já saiu com a pauta da redação e tinha que trazer aquilo que o chefe dele queria. A CONFECOM não aprovou uma proposta que se referisse a controle social da mídia. Aliás, sendo justo, aprovou uma e dizia o seguinte: "esforços para criação de um código de ética dos jornalistas que funciona como um controle social da mídia". Isso na verdade é uma proposta que você pode até dizer que está mal escrita, mas está se falando de um código de ética que todos os jornalistas deveriam ter, que não aprovou nada daquilo. Mas leiam os jornais da época. Todos falaram a mesma coisa, como se tivesse sido aprovado. O grande problema de boa parte de nossa imprensa é que ela não independente. Esse é o grande problema. Só existe um tipo de imprensa independente: é aquela que é independente do governo,  mas é independente da oposição. É independente dos movimentos sociais, mas é independente dos empresários. Que é independente dos grupos econômicos, dos seus acionistas, e quando é que uma imprensa consegue ser independente de tanta coisa junto? Quando ela é dependente dos fatos. Eu aprendi isso quando pisei o primeiro pé numa redação. Jornalista não briga com fato. Jornalista não briga com o que é real, com o que acontece, com a notícia. Quem briga, vai perder. Então, a verdade é a seguinte: a nossa imprensa não independente porque coberturas como essa, ela fez uma cobertura que é absolutamente independente da única coisa que a imprensa não pode ser independente: é dos fatos. Ela inventou. Inventou por quê? Porque o chefe queria. Por que o chefe queria? Porque o dono queria. E por que o dono queria? Porque a coligação queria. Ou seja, não é pra isso que existe imprensa. E olha, eu sempre digo isso: o leitor, o expectador, o ouvinte, ele pode ser enganado por algum tempo, mas ele não pode ser enganado o tempo todo. E o leito, o expectador, o ouvinte que é extremamente generoso com os erros do da imprensa, e deve ser, sempre que ele percebe que o erro foi cometido no afã de entregar uma informação pra ele num tempo hábil, ou seja, correndo contra o relógio, o leitor é muito generoso que o erro foi cometido quando foi fruto das condições de trabalho e que o objetivo era informá-lo bem. Não foi, mas era informa-lo bem. Esse mesmo leitor, telespectador ou ouvinte também é severo quando percebe que houve manipulação. O que acontece? A credibilidade desse órgão de imprensa é extremamente afetada e não é à toa que nós estamos vivendo uma crise de credibilidade da imprensa no Brasil hoje em dia monumental. Sabem eles, sabem vocês, sabemos todos.
O jovem de hoje e o jovem dos anos 60.
É difícil, eu acho que qualquer comparação é sempre uma coisa que você está tentando botar alguém no padrão de alguém e não é justo. A minha geração quando eu era estudante, tudo o que nós fazíamos nos levava a nos chocar com a Ditadura imediatamente. Você fazia um jornalzinho de escola, era censurado. Você deixava em branco a coluna, você era suspenso na escola. Rapidamente as pessoas protestavam contra a suspensão, eu tô falando de coisas que aconteceram comigo quando era secundarista. Então, acontece o seguinte: logo, logo você estava percebendo que quer liberdade, não quer viver sob uma Ditadura. Com muita facilidade, muita rapidez, as questões do cotidiano se transformavam em questões políticas. Hoje em dia isso é diferente porque felizmente nós vivemos numa democracia. Às vezes eu vou em escolas onde me dize: "o bom era o tempo de vocês", não não, bom é o tempo de vocês que vocês tem liberdade, vocês vão pra internet, quem quer usar saia curta pode usar, quem quer namorar, pode namorar que não deve satisfação. Naquela época não. Você não podia ir pra cama com ninguém só depois do casamento, uma mulher divorciada era vista como uma mulher esquisita entende? E qualquer manifestação sua tinha que ser aceita pelo poder. E se não fosse aceita você ia sofrer perseguições por causa disso. Então eu digo o seguinte: vocês tem uma vida muito melhor do que teve a minha geração, e felizmente, porque eu acho que foi pra isso que a gente lutou, pra conquistar a liberdade, democracia. Aí você pode dizer o seguinte: "ah mas tem muita gente que não usa a liberdade do jeito correto". Mas peraí, qual é o jeito correto de se usar a liberdade mesmo? Não existe um jeito correto. Cada um usa do seu jeito. E a sociedade acaba encontrando as formas, os mecanismos de fomar suas maiorias, de formar seus consensos, de produzir os novos caminhos. Eu acho o seguinte, o Brasil hoje é muito melhor do que era na minha época do ponto de vista político, porque a gente não vive sob uma Ditadura.  A direita hoje em dia no Brasil é mais democrática do que era naquela época. A esquerda é mais democrática do que era também naquela época. Mas não é só no plano político. O Brasil é um país muito menos injusto do que era naquela época. Não quer dizer que não é injusto. Ainda é muito injusto, mas é menos do que era naquela época. Naquela época falar em reforma agrária era sinônimo de comunismo e sinônimo de que você tinha que ir pra cadeia. Você falar em voto de analfabeto era bolchevique, tinha que ir pra cadeia. Você via coisas assim, por que deram o golpe de Estado? Reforma agrária, reforma urbana, reforma educacional, voto  de analfabeto e voto pra sargento. Po isso eles fizeram um golpe de Estado e jogaram o país numa noite de terror de 21 anos. Olha, nós estamos hoje muito melhor. Ainda bem que o jovem hoje dia pode fazer muito mais besteira do que a gente fazia naquela época. Porque quando a gente fazia besteira naquela época muitas vezes pagava com a vida. 
O governo em relação aos movimentos que pregam a democratização da comunicação e o projeto de lei de iniciativa de comunicação
Bom, a primeira questão eu não posso responder, quem pode é o governo Dilma.  Eu não tô no governo, embora apoie o governo, sou amigo da presidente Dilma, eu não consigo é falar presidenta Dilma, mas sou amigo da presidente Dilma, acho que o governo está fazendo coisas importantíssimas, teve avanços extraordinários na questão da economia, na questão  da energia, questão dos juros. Tá aí, nessa questão [da comunicação] tem que ser perguntada, eu gostaria que tivesse encaminhado, não precisava ser aquele projeto eu acho que precisa é o governo liderar o debate, mas isso em algum momento ele fará eu não tenho nenhuma dúvida. Eu acho que de um modo geral, o projeto de inicativa popular, é evidente ele não é um código geral de telecomunicações como se propunha a ser o projeto de marco regulatório que foi deixado, ele foca em algumas questões, e nas questões principais. Eu acho que é um bom projeto, é um projeto maduro, eu acho um projeto que ele tem como centro, vamos dizer, a regulamentação do que está na Constituição e isso eu acho muito importante. Então estão perfeitamente definidos ali a liberdade de imprensa, ta perfeitamente definido o sigilo de fonte, ta perfeitamente definido a proteção que toda a pessoa tem direito a sua imagem, está regulamentando ali a questão da produção nacional, produção local, da produção independente, se manifesta contra a questão da propriedade cruzada que na verdade se refere a questão da oligopolização que está na Constituição, se manifesta contra político ter concessão, se manifesta contra a venda de horários de espectro a terceiros, porque o Estado não deu direito de fazer subconcessão a ninguém, eu acho que é um projeto maduro. Você até pode dizer, isso aqui poderia ser melhor, etc, mas eu acho o seguinte, é um projeto maduro que coloca os temas principais na questão crucial que tem mais a ver com telecomunicações que é a questão da neutralidade da rede ele também se manifesta, então é um projeto maduro, é um bom projeto, dá uma ótima base para discussão, e eu acho que é um projeto maduro no seguinte: ele ta olhando mais pra frente do que pra trás, isso eu acho um sinal de maturidade, entende? A questão não é ver como que vai se acertar a conta com um passado que não volta mais, é basicamente como se aproveita essa nova onda, que é a questão da digitalização, da internet, da convergência da mídia, pra nós sermos capazes de promover uma pactuação na sociedade que dê a sociedade mais e não menos. Mais informação, mais entretenimento, mais educação, mais serviços, mais games, mais tudo, entende? E que isso seja plural, não seja concentrado na mão de poucas pessoas, e que dê no fundo a gente volta a questão anterior, aos jovens, ao cara que tá lá na favela, na escola, o empresário, a todo mundo, ao camponês, ao lavrador, dê possibilidade a todo mundo, de não só ouvir, mas de falar. A CUT lançou agora no 1º de maio uma campanha que eu achei extremamente interessante, apoiando esse novo projeto de lei de iniciativa popular, e qual é o centro? "Eu também quero falar!" Não é "você não pode falar". Não se trata disso. "Eu também quero falar!" Por que eu também não posso falar? Porque só quem tem muito dinheiro pode falar? Por que quem não tem muito dinheiro não pode falar? Essa é a questão. E eu tô seguro, isso na sociedade brasileira assim como na francesa, na italiana, na alemã, na argentina, nos Estados Unidos, em Portugal, isso acabou sendo resolvido. No Brasil, isso não é jabuticaba, que só existe no Brasil. Eu acho que isso vai se resolver também. 
Porque o Brasil está mais atrasado que Venezuela, Uruguai e outros países da América Latina em relação ao marco regulatório?
Eu acho que não é à toa que tantos países estão produzindo legislações a esse respeito. Por que eu dizia, isso é uma necessidade fruto do momento que nós vivemos, e também fruto de fato de que boa parte da América Latina o processo de regulação estava muito mais atrasado do que estava na Europa, nos Estados Unidos, ou seja, os países que tiveram uma experiência democrática mais longeva, mais permanente, logo chegaram a compreensão de que era necessário algum tipo de regulação que aumentasse a pluralidade, que não permitisse a oligopolização. Então eu acho que isso tem uma base histórica e tem uma base da mudança do patamar tecnológico que exige isso. Então eu acho que essa é a primeira coisa. Agora, porque que nos outros países está avançando mais que no Brasil? Eu vou fazer uma digressão um pouco sociológica pra vocês. Eu pessoalmente, acho que nós temos características especiais no Brasil quando nós comparamos com outros países da América Latina. Não to dizendo que somos melhores nem que somos piores. É o nosso jeito. Nós custamos muito a formar maiorias. Isso valeu sempre na nossa história. Outros países às vezes já fazem uma revolução e tal e já saem, emburacam para um caminho, às vezes são obrigados a voltar para trás por que foram tão rápido e não construíram uma maioria que segurasse aquilo. O Brasil sempre foi meio lento. Eu costumo brincar e dizer que nós não somos como os argentinos um potro fogoso que galopa pra lá, galopa pra cá, dá meia volta, relicha, escoiceia, pula, tira as quatro patas do chão, nós não somos assim. Nós somos um elefante. Nós temos sempre três pés no chão, tiramos só um pé de cada vez. E os elefantes não andam devagar não, eles andam rápido, mas eles só tiram um pé do chão. Isso quer dizer o seguinte: eles estão o tempo todo fazendo um tipo de movimentação que permita eles ter uma base mínima pra poder não cair no chão. Por que eles são muito pesados. O Brasil é muito grande, muito diverso, continental, então nós demoramos a formar maiorias. Tem uma vantagem. Em geral, quando nós formamos maioria, nós não voltamos atrás com facilidade também, por quê? Por que é muito difícil formar uma maioria pra voltar atrás também. Então eu acho que é uma característica nossa. Nós somos mais lentos, nós demoramos um pouco mais, mas de um modo geral as nossas mudanças são mais consistentes. Não estou dizendo que é melhor, estou dizendo que é assim. E nessa questão mais uma vez está se reproduzindo o modelo. Mas eu acho que produziremos com o tempo um pactuação consistente que produzirá mudanças importantes e que virão pra ficar, não tenho dúvida.   
 
 


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Uma socialista morena no Conexões Globais

A jornalista Cynara Menezes (centro), concede entrevista a Igor Pereira (blog Barão Gaucho, a dir.) e Lucas Bernardes (programa Critica da Radio Web Falando de Amor, à esq) no Conexões Globais

Sábado, 25 de maio de 2013. Confortavelmente instalados na estrutura montada no 4º andar da Casa de Cultura Mario Quintana em Porto Alegre, concebida para receber a imprensa interessada em cobrir o Conexões Globais, entrevistamos a jornalista da Carta Capital e autora do blog Socialista Morena Cynara Menezes. Na minha companhia o estudante de relações públicas da PUC Lucas Bernardes, autor do programa Crítica, exibido na Rádio Web Falando de Amor. Fica aqui o agradecimento a Ana Carolina Barbosa, autora das fotos da matéria, e a Adriana Martorano, da comissão organizadora do Conexões Globais, muito receptiva a nossa solicitação para viabilizar essa entrevista. E um agradecimento especial a  Cynara Menezes, que no primeiro contato feito pelo facebook já se colocou inteiramente a disposição para conversar com a gente.

Nessa entrevista feita na meia hora anterior a sua participação na mesa de
Cynara (segunda da dir. para a esq.) no Conexões Globais
debate do Conexões Globais sobre comunicação e poder na era da internet, onde debateria ao lado de Franklin Martins, Vera Spolidoro, Natália Viana e Marcelo Branco, Cynara soltou o verbo. Falou com entusiasmo das possibilidades que a internet abre para a democratização da mídia, deu sua opinião sobre o projeto de lei do novo marco regulatório enfatizando que desconcentrar a comunicação é fundamental, convocou a esquerda a construir um portal de comunicação para competir com os portais da mídia empresarial que considera de conteúdo fraco, e falou das motivações de seu blog, que surgiu inspirado na ideia de Darcy Ribeiro de que o Brasil pode construir um socialismo com a cara do povo brasileiro. Acompanhe aqui a íntegra dessa entrevista de uma socialista morena que revela um profundo otimismo pelo Brasil e pela juventude.


Democratização da comunicação na era da internet
O que eu vou falar pra vocês é um pouco o que eu falava ali na rádio do Conexões Globais que é a possibilidade de pés rapados poderem ser donos de veículos de comunicação, certo? Porque uma pessoa que não tem dinheiro algum como você provavelmente, tem uma rádio. Antigamente como era? Uma pessoa para ter uma rádio ou um jornal precisava ser rica, não é? E a gente não sabe onde isso vai dar. Como é que a gente sabe o que vai acontecer no futuro? Por que nós não podemos ser os grandes donos de veículos de comunicação do futuro sem dinheiro algum, só a vontade de compartilhar conhecimento e informação? Eu acho tempos fascinantes esses.

A necessidade de um novo marco regulatório da comunicação
Eu acho que desconcentrar a comunicação é fundamental. A gente não pode permitir que apenas, como o Lula costuma dizer e o Lula falou isso várias vezes, meia dúzia de famílias detenham toda a comunicação nesse país. Isso não é bacana, sob nenhuma óptica, e isso não existe em lugar nenhum do mundo isso é uma coisa brasileira, o Repórtes sem Fronteiras fez um relatório dizendo que nós temos 50 berlusconis no Brasil, ou seja pouquíssimos donos de comunicação dominam todo o negócio. Eu acho que o principal objetivo deverá ser evitar a propriedade cruzada. Eu acho fundamental que não esteja concentrado e mais concentrado ainda na mão de familias um negócio que poderia ser enorme. Mas eu acho também que vai depender das próprias pessoas, não vai depender do projeto. Então assim em outros países existem jornais com o perfil menos conservador e no Brasil só existem jornais conservadores, então o ideal seria que tivessem também meios de comunicação não conservadores no Brasil, né? Na França tem o Le Monde mas tem o Liberacion, aqui no Uruguai tem o jornal El Observador que é mais conservador mas tem o La Republica que é mais a esquerda. Então eu acho que não depende tanto de lei, eu acho que precisava ter um empresário mais interessado em investir em comunicação que fosse mais a esquerda ou a própria esquerda se juntar e fazer um meio de comunicação.

O papel de um novo marco regulatório e a vontade da mudança
De qualquer maneira nós temos as rádios públicas que são boas e eu não consigo entender como é que as pessoas ouvem rádio comercial porque eu acho elas uma porcaria, as músicas são ruins, a programação é ruim, então eu acho que tem que facilitar, a lei é feita pra isso, pra facilitar que as rádios comunitárias e as rádios dos sindicatos e as rádios ligadas aos movimentos sociais surjam, mas também existe a boa vontade. Agora na internet, o mais bacana é que você pode ter uma rádio on line e não precisar de toda essa estrutura, você não precisa pedir concessão pra ter uma rádio na internet.

A internet ainda está engatinhando
Tá começando ainda. A gente está engatinhando nesse mundo ainda, acho que ainda pode mudar muito. Por exemplo, um exemplo de humor, o Porta dos Fundos é um sucesso ele é tão visto como a Globo hoje em dia e ele tá na ineternet. Eu vi que tem videos deles que tem mais de seis milhões de pessoas que assistiram. Será que tem tudo isso de gente assistindo alguns programas humorísticos da Globo? Como dizem os espanhóis, ojo,  cuidado, porque talvez a gente não saiba ainda o alcance do que vai ocorrer.

O Wikleaks e o jornalismo investigativo na era da internet
É interessante porque essas plataformas que surgiram de jornalismo investigativo elas foram abraçadas pelo jornalismo convencional. O Wykleaks as descobertas deles fizeram um acordo com o El País de divulgar com o El País com a Folha de São Paulo, mas mesmo que eles não quisessem divulgar nós saberíamos porque teria saído na internet hoje em dia é muito independente isso, é muito difícil uma pessoa não saber. Antigamente você poderia não ter acesso a uma notícia porque os grandes veículos boicotavam. Mas de certa maneira essa democratização da informação já existe um pouco através da internet, eu sou bastante otimista.

A propriedade cruzada da comunicação e os desafios da comunicação de esquerda
Uma coisa que me preocupa por exemplo é os mesmos donos de jornais serem as pessoas que estão dominando a internet no Brasil. Isso eu acho preocupante, agora que tipo de lei vai poder regular isso? A unica coisa que se pode fazer é concorrência a essas pessoas. Hoje você tem um portal que é o Portal mais visto do Brasil que é o UOL que eu abro o UOL e fico pensando meu Deus, eles ficam divulgando uns conteúdos imbecis para as pessoas. Porque estão preocupados em page views, né? Ou seja, você está pautando o novo jornalismo, entre aspas, pela quantidade de pessoas que acessam uma matéria que é a celebridade que foi pra praia. Você não vai se preocupar em oferecer coisas boas para as pessoas lerem porque você não vai ter acessos? Eu acho que a esquerda, a comunicação de esquerda deve ter, de não ter medo de não ter tantos likes no facebook, sabe? Eu coloco coisas no meu blog que me dão um puta trabalho e não são as mais lidas mas eu vou continuar colocando porque eu quero formar público, sabe? Eu quero que as pessoas percebam que algumas coisas são bacanas de serem lidas, não só os exercícios da bunda sarada de fulana que o UOL coloca on line, sabe? Eu acho preocupante isso daí, caras que ganharam anos dinheiro com o jornalismo impresso no papel são os mesmos caras que ganham dinheiro com a comunicação na internet, e não vai ser lei que vai mudar isso daí, precisa a gente fazer competição a essas pessoas, a esses portais. Não tem jeito. A gente não tem um portal grande hoje independente. Não tem. Poderia.

Eu acho que além da lei do marco regulatório que eu acho que precisa ser impedida a propriedade cruzada dos meios de comunicação é muito importante, é muito perigoso. Então agora, por exemplo, o que se fala, o Estadão, o jornal Estado de São Paulo demitiu vários jornalistas e o que se comenta no mercado é que o Estadão estaria sendo saneado para ser vendido para o jornal O Globo. Ou seja, as organizações Globo, que já contém a rede Globo, o jornal o Globo, no Rio de Janeiro, pode passar a ter também parte do jornalismo de São Paulo. Não pode. Tá errado isso daí. Aí tem que entrar o CAD, que é aquele órgão regulador pra dizer assim olha só, dessa maneira não pode. Então eu acho que o marco regulatório deve ser principalmente para desconcentrar e impedir isso, que essas famílias continuem dominando o mercado. Eu acho que a parte disso daí a gente precisa fazer concorrẽncia aos grandes meios, sabe? Não é lei nenhuma que vai fazer isso daí.
Sobre o blog Socialista Morena
Eu faço reportagens na Carta Capital e ocasionalmente eu publicava artigos opinativos no site da revista. Só que chegou uma hora que eu fiquei com vontade de ter um espaço meu pra eu colocar também algumas coisas que eu fui vendo na vida e queria compartilhar com as pessoas mais jovens. Eu quero ser uma boa influência não muito ortodoxa, minha influência será heterodoxa, porque eu não sou conservadora, mas eu quero ser uma boa influência nesse sentido. Então eu quis abrir um espaço meu, que eu pudesse colocar coisas que eu conheço e vivi e li e compartilhar, porque se você for lá no blog uma das primeiras postagens é sobre o muquiranismo do conhecimento, porque tem gente que tem conhecimento e quer guardar pra si como se fosse o Tio Patinhas com as moedas dele, sabe? Eu tenho o meu conhecimento que eu adquiri na vida, às minhas custas e quero compartilhar com as pessoas. Então o blog tá lá pra isso, pra compartilhar conhecimento, pra ser uma boa influência para os jovens e pra provar que na internet tem bom conteúdo, e pode ter bom conteúdo e as pessoas também gostam de ter bom conteúdo, não gostam só de porcaria como os grandes portais pensam não.

Juventude e internet
Eu digo pra você que eu tenho um retorno muito gratificante com o blog. O blog chama Socialista Morena por que ele é inspirado numa ideia de Darcy Ribeiro de que poderia existir um socialismo no Brasil à brasileira. Aí as pessoas me perguntam, ah mas e a Coréia do Norte? Não tem nada a ver com a Coréia do Norte, é socialismo moreno, seria uma ideia de socialismo brasileiro, nós somos morenos, somos um país mestiço, misturado, olha aqui, você loiro, ela negra, ele mais clarinho, então o socialismo moreno pensa nisso. Então me avisaram que ia sair um documentário da TV Senado sobre a vida do Darcy Ribeiro e eu coloquei no blog a chamado pro Programa, era só isso que eu tinha porque eu não tinha ainda o vídeo completo, tem uma seção no meu blog chamada Cine Morena que eu compartilho vídeos, mas nesse caso eu só tinha a chamada mesmo. E aí no Domingo a noite muita gente assistiu o dcumentario da TV Senado. Inclusive a Folha de São Paulo procurou eles depois pra fazer uma matéria, acho que eu nunca tinha visto algum veículo interessado por algum documentário lançado pela TV Senado. E uma das pessoas que viram naquela noite enviou a seguinte mensagem pra mim, e era um jovem, um menino: Cynara, eu nunca tinha ouvido falar no Darcy Ribeiro. A partir de agora, ele é meu norte. Olha que influência bacana, porque Darcy é uma figura linda. Ele criou a Universidade de Brasília, ele criou os CIEPs, e é uma pessoa que hoje infelizmente os jovens desconhecem. Então o meu retorno que eu tenho lá é gratificante, eu acho que tem muito jovem interessado que ta afim de coisas boas e infelizmente, assim como as televisões não oferecem conteúdo bom, a internet dominada por esses portais, também ta oferecendo conteúdo fraco.

Desafios para o contraponto com os portais tradicionais
O desafio na internet é justamente esse, é você oferecer boas coisas para as pessoas lerem, porque a comunicação na internet ela não é só visual ela é escrita. Então a gente tem que oferecer bons conteúdos pras pessoas, pra elas não ficarem presas a só fatos de celebridade. Às vezes eu fico olhando ali no Portal UOL e fico abismada com as reportagens mais lidas, que são sobre os exercícios para deixar a bunda de fulana mais dura. Gente, nós somos jornalistas né? Nós temos obrigação de oferecer coisas melhores para o nosso público, eu acho que a gente tem que fugir do page view, da audiência, porque foi isso que fez a televisão ficar ruim e fazer uma coisa diferente. Agora, eu acho que a gente só vai fazer diferente quando a esquerda mesmo se propor a fazer um portal informativo. Porque hoje a gente tem um bom site que é o Portal da Carta, que a gente sempre está propondo e colocando conteúdos bacanas, mas é uma revista né, não é um portal. Nós temos que ter um Portal, com e-mail do Portal, com tudo, com uma estrutura boa, com repórteres do Portal, pra gente competir com essa grande mídia que está tomando conta da internet.

O ativismo na internet
Eu acho que ainda tá começando. Tem gente que fala que tem os sofativistas que não vão pra lugar nenhum, que as pessoas ficam em casa se indignando, xingando muito no twitter. Eu sou mais otimista, a indignação é boa. Então as pessoas estão lá demonstrando sua indignação na internet já é ótimo, porque demonstra que as pessoas estão preocupadas e quem sabe se for preciso uma hora ir pra rua se manifestar.

domingo, 26 de maio de 2013

Pelo fim do machismo, Marcha das Vadias reúne milhares em Porto Alegre

Foto de Ramiro Furquim Sul 21
Do Portal Sul 21
Débora Fogliatto, com adaptações de Igor Pereira
Fotos de Ramiro Furquim e Tayara Maronesi

A cada quinze segundos uma mulher é estuprada no Brasil. Exposto em um cartaz, esse índice assombroso guiou as milhares de pessoas que protestaram na tarde deste domingo (26), em Porto Alegre. A frase representa as reivindicações da Marcha das Vadias: o fim do machismo, da violência e do abuso sexual. Mulheres, homens, transexuais, crianças, jovens e idosos expuseram seus peitos, suas pernas, colocaram roupas normalmente associadas ao sexo oposto, pintaram seus corpos e levantaram suas placas para pedir igualdade.


A marcha teve início no Parque Farroupilha (Redenção), onde a partir das 14h alguns manifestantes começaram a confeccionar cartazes. Por volta das 15h30, a concentração de pessoas já era grande perto do Monumento ao Expedicionário. Dez minutos após as 16h, horário marcado para o início do evento, a manifestação começou a caminhar pelo parque. Cantando gritos como Vem pra luta, vem, contra o machismo, Ei reaça, teu machismo não tem graça e Quanta hipocrisia, nos estupram depois chamam de vadia, a multidão deu a volta na Redenção e depois seguiu para a Cidade Baixa.
Foto de Tayara Maronesi
Foto de Tayara Maronesi

Alguns dos cartazes que podiam ser vistos expunham as reivindicações: Violência contra a mulher: a juventude não aceita, denuncia!, Tirem seus rosários dos nossos ovários, Cantada na rua é assédio, não elogio, Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias e outras centenas de frases foram escritas não só em cartolinas, pedaços de papelão e folhas, mas também nos corpos dos manifestantes. No meio da multidão, uma grande faixa preta e roxa exibia os dizeres Não será com algumas mulheres no poder que esqueceremos as milhares escravizadas na cama, no tanque e no fogão.

Bandeiras LGBTs também podiam ser vistas na manifestação, onde gritos contra a homofobia e a favor da diversidade sexual foram entoados, assim como pelo fim do racismo. Eu amo homem, amo mulher, tenho direito de amar quem eu quiser foi uma das frases cantadas pelos manifestantes que expuseram a intersecção entre os movimentos feminista e LGBT.

Para Dora Dias, estudante de Direito na PUC/RS, militante da União da Juventude Socialista e participante da Marcha, ela tem inúmeros significados, mas o central é o respeito e a igualdade de gênero, explica. Durante a marcha tu vê diversos tipos de manifestação, desde 'fora feliciano' à questão do aborto. Desde 'eu beijo quem eu quiser' ao 'o estupro não é nossa culpa', avalia. Para ela, a Marcha tem cumprido o papel de dialogar com a sociedade e aglutinar muita gente com uma forma de manifestação irreverente. Ela chama atenção ainda para o fato de que em relação ao ano passado a Marcha teve maior diversidade de participação. Diferente da do ano passado que a maioria eram jovens e mulheres, nesse ano tinha muitas pessoas de várias idades e homens, ressalta.
Foto de Tayara Maronesi


Saias e sutiãs eram as peças de roupas mais vistas na marcha. Homens aderiram a essas vestimentas como uma forma de mostrar que ser visto como mulher não deve ser considerado degradante. O evento Saia de saia, iniciativa do grupo G8 – Generalizando, do Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU) da UFRGS, motivou pessoas que se identificam com o sexo masculino a aderirem a saias, vestidos, batons e sutiãs. A presidenta da União Brasileira de Mulheres em Porto Alegre/RS participou na Marcha e avaliou positivamente. Importante manifestação em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos e também em defesa do Estado laico, disse ela ao Barão Gaucho pelo face. E complementou comemorando a massiva participação. Muito representativo, mais de 3 mil pessoas participaram, informou ela.

Seguindo pela José Bonifácio e passando pela Venâncio Aires, a manifestação parou o trânsito e conquistou a simpatia de moradores que saíram às janelas para apoiar o movimento e tirar fotos. Na Lima e Silva, a marcha fez uma pausa em frente ao bar Pinguim para protestar contra as recentes denúncias de agressão cometidas por pessoas que trabalham no local. “Promoção do dia, compra uma ceva e vem homofobia” era um dos gritos entoados em meio a vaias. De lá, a multidão seguiu até o Largo Zumbi dos Palmares, onde a manifestação teve fim por volta das 18h.



 




sábado, 25 de maio de 2013

Domingo de Hip Hop no Parque Marinha do Brasil



Dia 26 de maio acontece no Parque Marinha do Brasil a primeira edição do projeto Circuito Hip Hop RS jutamente com o aniversário da Alvo Cultural. Serão diversas atividades ligadas a arte urbana, hip hop e skate além de mostras culturais e intercâmbio de ideias. Tudo gratuito e no melhor cartão postal de Porto Alegre a beira do Guaíba.

Shows:
Sob Juris (POA)
Robert Rozz (POA)
W Negro (POA)
Fiapo Soldado (Alvorada)
Narrador Kanhanga (Angola)
JL (Caxias do Sul)
Banca CNR (Pelotas)
URS Fundão (Passo Fundo)
NItro Di (POA)
Cachola Této Preto (POA)
Terminal 470 (POA)
Tio Scooby e Dj Jorge Cuts (POA)
DJS: Edinho DK e Abú

CAMPEONATO DE SKATE:
Best Trick Amador Open (início às 14h, valor da inscrição R$15,00)
Melhor aéreo (Snake Run do Marinha, início às 16h, inscrição gratuita)
Campeonato Infantil (início às 10h, valor da inscrição R$15,00)
Aulas gratuitas de skate (início às 14h na pista infantil)

GRAFITE ARTE DONUTS: Pintura coletiva do muro na Av. Praia de Belas em frente ao Parque Marinha do Brasil.

MAIS: Feira Independente, teatro de rua, malabares e diversas atividades ao longo do dia.

Maiores informações:
contato@alvovirtual.com
Fone: (51) 8459.2383

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Confira Programação da etapa Porto Alegre da Conferencia das Cidades

No dias 24 a 25 acontece a Conferência Nacional das Cidades - Etapa Porto Alegre. Excelente momento para participar e discutir políticas públicas para o município, lembrando que "nossos direitos só a luta faz valer".