domingo, 26 de maio de 2013

Pelo fim do machismo, Marcha das Vadias reúne milhares em Porto Alegre

Foto de Ramiro Furquim Sul 21
Do Portal Sul 21
Débora Fogliatto, com adaptações de Igor Pereira
Fotos de Ramiro Furquim e Tayara Maronesi

A cada quinze segundos uma mulher é estuprada no Brasil. Exposto em um cartaz, esse índice assombroso guiou as milhares de pessoas que protestaram na tarde deste domingo (26), em Porto Alegre. A frase representa as reivindicações da Marcha das Vadias: o fim do machismo, da violência e do abuso sexual. Mulheres, homens, transexuais, crianças, jovens e idosos expuseram seus peitos, suas pernas, colocaram roupas normalmente associadas ao sexo oposto, pintaram seus corpos e levantaram suas placas para pedir igualdade.


A marcha teve início no Parque Farroupilha (Redenção), onde a partir das 14h alguns manifestantes começaram a confeccionar cartazes. Por volta das 15h30, a concentração de pessoas já era grande perto do Monumento ao Expedicionário. Dez minutos após as 16h, horário marcado para o início do evento, a manifestação começou a caminhar pelo parque. Cantando gritos como Vem pra luta, vem, contra o machismo, Ei reaça, teu machismo não tem graça e Quanta hipocrisia, nos estupram depois chamam de vadia, a multidão deu a volta na Redenção e depois seguiu para a Cidade Baixa.
Foto de Tayara Maronesi
Foto de Tayara Maronesi

Alguns dos cartazes que podiam ser vistos expunham as reivindicações: Violência contra a mulher: a juventude não aceita, denuncia!, Tirem seus rosários dos nossos ovários, Cantada na rua é assédio, não elogio, Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias e outras centenas de frases foram escritas não só em cartolinas, pedaços de papelão e folhas, mas também nos corpos dos manifestantes. No meio da multidão, uma grande faixa preta e roxa exibia os dizeres Não será com algumas mulheres no poder que esqueceremos as milhares escravizadas na cama, no tanque e no fogão.

Bandeiras LGBTs também podiam ser vistas na manifestação, onde gritos contra a homofobia e a favor da diversidade sexual foram entoados, assim como pelo fim do racismo. Eu amo homem, amo mulher, tenho direito de amar quem eu quiser foi uma das frases cantadas pelos manifestantes que expuseram a intersecção entre os movimentos feminista e LGBT.

Para Dora Dias, estudante de Direito na PUC/RS, militante da União da Juventude Socialista e participante da Marcha, ela tem inúmeros significados, mas o central é o respeito e a igualdade de gênero, explica. Durante a marcha tu vê diversos tipos de manifestação, desde 'fora feliciano' à questão do aborto. Desde 'eu beijo quem eu quiser' ao 'o estupro não é nossa culpa', avalia. Para ela, a Marcha tem cumprido o papel de dialogar com a sociedade e aglutinar muita gente com uma forma de manifestação irreverente. Ela chama atenção ainda para o fato de que em relação ao ano passado a Marcha teve maior diversidade de participação. Diferente da do ano passado que a maioria eram jovens e mulheres, nesse ano tinha muitas pessoas de várias idades e homens, ressalta.
Foto de Tayara Maronesi


Saias e sutiãs eram as peças de roupas mais vistas na marcha. Homens aderiram a essas vestimentas como uma forma de mostrar que ser visto como mulher não deve ser considerado degradante. O evento Saia de saia, iniciativa do grupo G8 – Generalizando, do Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU) da UFRGS, motivou pessoas que se identificam com o sexo masculino a aderirem a saias, vestidos, batons e sutiãs. A presidenta da União Brasileira de Mulheres em Porto Alegre/RS participou na Marcha e avaliou positivamente. Importante manifestação em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos e também em defesa do Estado laico, disse ela ao Barão Gaucho pelo face. E complementou comemorando a massiva participação. Muito representativo, mais de 3 mil pessoas participaram, informou ela.

Seguindo pela José Bonifácio e passando pela Venâncio Aires, a manifestação parou o trânsito e conquistou a simpatia de moradores que saíram às janelas para apoiar o movimento e tirar fotos. Na Lima e Silva, a marcha fez uma pausa em frente ao bar Pinguim para protestar contra as recentes denúncias de agressão cometidas por pessoas que trabalham no local. “Promoção do dia, compra uma ceva e vem homofobia” era um dos gritos entoados em meio a vaias. De lá, a multidão seguiu até o Largo Zumbi dos Palmares, onde a manifestação teve fim por volta das 18h.



 




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