segunda-feira, 3 de junho de 2013

A ânsia coletiva de expressar a liberdade

Fórum pela paz na Colômbia, Marcha contra o corte de árvores, Marcha das Vadias e Marcha da Maconha: exemplos recentes de uma sociedade que anseia cada vez uma liberdade de expressão que não encontram nos meios tradicionais de comunicação.
 Não é de hoje que Porto Alegre se afirma como capital da participação. O calendário intenso das últimas semanas permitiu reafirmar isso. Quase que simultaneamente ocorreu o Conexões Globais, Marcha das Vadias, Marcha da Maconha, Fórum de Paz na Colômbia, Marcha contra o Corte de Árvores. Em toda essa efervescência aparentemente desconexa, qual o ponto em comum? Em todos os episódios mencionados, saltou aos olhos de quem acompanhasse a insatisfação contra os veículos tradicionais de comunicação e a busca por meios alternativos de expressão.

 Vivemos um tempo onde vem à tona as múltiplas identidades e uma vontade aparentemente desorganizada e caótica de manifestações. A máxima expressa pelo falecido cantor Chorão  parece que valeu por muito tempo: sempre quis falar nunca tive chance, tudo o que eu queria estava fora do meu alcance. A internet abriu a represa da comunicação dos “sem-voz”, e agora se “ouve” de tudo, uma verdadeira Babel de expressões diversas, plurais, múltiplas.  Parece que pontos de convergência estão cada vez mais nítidos. Ao cabo e ao fim vive-se um anseio por liberdade de expressão.

As pessoas querem expressar seus anseios. Mulheres vão as ruas, escrevendo em cartazes e nos próprios corpos que são donas de si, que exigem ser respeitadas. Ambientalistas vão às ruas denunciar o que consideram mentiras da mídia empresarial. Ativistas da América Latina vem dialogar em Porto Alegre sobre a Paz na Colômbia, ativistas pregam a legalização da maconha. Ao cabo e ao fim, o ponto em comum é o anseio da liberdade. Todos e todas querem expressar a liberdade. A única porta aberta para essa expressão tem sido a internet e as ruas, e nelas uma enxurrada de expressão jorra, qual represa que estoura de repente.

A pergunta que se faz e deve ser alvo de uma reflexão coletiva é: até quando somente a internet e as ruas serão suficientes? Toda essa diversidade de opiniões na internet, nas manifestações de rua, nos debates, enquanto que em televisões, rádios, jornais e revistas somente uma meia-dúzia falam? Até quando a sociedade se contentará com uma estética que lhe é cada vez mais estranha? A pergunta já está sendo respondida em outros países da América Latina, que tem tomado medidas democratizantes dos medyos de comunicação. Não demorará muito para a festa da diversidade que já escoa nas redes e nas ruas bater a porta dos jornalões, telinhas e rádios empresariais.
Quem duvida?

Igor Corrêa Pereira
Técnico Administrativo da UFRGS e Secretario estadual de Juventude Trabalhadora da CTB

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