terça-feira, 18 de junho de 2013

"Não existe espaço vazio na política", por Altair Freitas

Fonte: Portal Caros Amigos
 por Altair Freitas

O povo hoje ocupou as ruas (17/06) das principais cidades do país e deixou um recado claro: é preciso avançarmos mais. Muito mais, notadamente no que diz respeito aos serviços públicos essenciais para o bem estar da imensa maioria da população que deles dependem para tocar suas vidas. As manifestações de hoje no Brasil, ainda que por vias transversas, não são, na mais pura essência, diferentes das realizadas pelos trabalhadores e jovens europeus, africanos e do mundo árabe e o movimento Ocuppy Wall Street nos EUA. O pano de fundo é o mesmo!

Não compreender que essas lutas são fundamentalmente lutas contra o capitalismo do nosso tempo, é erro histórico. Ainda que não tenham nitidamente esse aspecto, ainda que muitos desses movimentos não apresentem bandeiras nitidamente revolucionárias, porque tanta gente vai às as ruas em tão pouco tempo e em continentes diferentes? Porque o capitalismo neoliberal implementado no mundo nos anos 80, 90 e ainda hoje,causou uma verdadeira hecatombe social e econômica, cujos efeitos principais vão explodindo em cada canto. Mesmo em países que passaram a ser governados por forças de esquerda e\ou progressistas, as ações para reverter os brutais estragos cometidos pelas forças neoliberais naquelas décadas ainda são insuficientes para permitir às amplas massas uma padrão de vida à altura da grande riqueza que produzem. Não compreender isso, é não compreender o mundo no qual vivemos.

A privatização integral do sistema de transporte por ônibus nas grandes cidades brasileiras e em São Paulo em particular, a privatização parcial em curso no metrô paulista, a privatização de importantes setores da saúde, rodovias e demais estruturas e serviços públicos, exigem da sociedade brasileira, dos setores efetivamente organizados e avançados do movimento social e dos governos progressistas em estados, municípios e governo federal, um reposicionamento que possibilite reorientar na prática a dantesca política de garantir lucros para empresas que prestam péssimos e caros serviços. O combate ao neoliberalismo está longe de ter terminado. Estamos, na verdade, ainda no começo.

O movimento sindical, em particular, precisa sair das pautas corporativas e ampliar seu espectro de atuação. Lutar para Redefinir, reformular, eliminar a especulação e o lucro fácil obtido com a prestação de serviços essenciais à grande maioria do povo, precisa ser algo muito além do discurso. Ninguém aqui é contra sindicato lutar pelo PLR, planos de carreira, reajustes salarias. Isso é a obviedade da natureza sindical. Mas os ganhos obtidos com aumentos salariais e participação em lucros é rapidamente absorvido por grupos empresariais poderosos pois pagamos a eles preços e tarifas exorbitantes sobre aquilo o que é básico. Não é a toa que uma das palavras de ordem do Movimento Passe Livre é simples é direta: "Se você paga, não deveria, porque transporte não é mercadoria". Se alguém precisa de recado mais claro do que esse, é bom repensar a vida!

Combater as forças neoliberais implica não apenas em impedir o seu retorno ao poder central do país, mas também varrer sua lógica ainda predominante na implementação de serviços públicos essenciais. Avançamos um pouco, é verdade. Mas avançar muito mais é preciso. Se as forças que de fato têm compromissos históricos com as mudanças não saírem da letargia atual, o oportunismo, a inconsequência e o golpismo de direita o farão. Não existe espaço vazio na luta política.

Nenhum comentário:

Postar um comentário