quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Internet livre sempre, censura nunca, marco civil já!

Diversos movimentos sociais e coletivos preparam uma série de ações para defender um projeto de lei para o Marco Civil da Internet que contenha a neutralidade de rede, a privacidade do usuário e a liberdade de expressão. O texto foi elaborado colaborativamente por voluntários, que também lançam nesta semana o site www.marcocivil.org.br. Abaixo, a íntegra. Para assinar o manifesto, clique aqui.

MANIFESTO INTERNET LIVRE SEMPRE, CENSURA NUNCA, MARCO CIVIL JÁ!

A Internet está ameaçada. Vivemos o confronto entre os que a concebem apenas como um lucrativo modelo de negócios e aqueles que a defendem como uma rede preciosa à criação colaborativa, à liberdade de expressão, à mobilização social e ao fortalecimento de diversos direitos fundamentais como a comunicação, a cultura e o acesso à informação. O Marco Civil da Internet é elemento crucial nessa defesa.

Seu texto foi construído em consulta pública inédita na rede, tendo recebido mais de 2000 contribuições envolvendo academia, governo, empresas, entidades e movimentos civis. Conhecido internacionalmente como um dos projetos mais avançados nessa área, é exemplo admirado de construção de uma Carta de Princípios. Foi formalmente apresentado como projeto de lei em agosto de 2011 e desde então ficou parado na Câmara dos Deputados. Porém, graças às recentes denúncias de espionagem reveladas por Edward Snowden, o Marco Civil passou a tramitar em regime de urgência e terá que ser votado ainda neste mês de outubro.

Os principais entraves à sua aprovação são os interesses das grandes empresas de telecomunicações. As operadoras querem a autorização legal para monitorar, filtrar e bloquear as aplicações e mensagens que trocamos online, a fim de prever nosso comportamento na rede para criar dificuldades e vender facilidades na nossa navegação. Porém, a NEUTRALIDADE DA REDE, garantida no Marco Civil, impede esse tipo de prática das operadoras, proibindo interferências indevidas no fluxo de dados e proibindo a discriminação ou privilégio de informações por razões comerciais ou quaisquer outras que não sejam meramente técnicas. [A neutralidade da rede é um dos pilares do Marco Civil e nada mais é do que a forma como navegamos hoje na internet, onde todas as informações que trafegam são tratadas da mesma forma e com a mesma velocidade.

O projeto de lei assegura ainda importante regra para a PRIVACIDADE: as empresas de telecomunicações não podem guardar os dados de navegação dos usuários, o que lhes daria o mapa completo do que cada um faz na rede para vender a anunciantes e repassar a terceiros.

Além das garantias acima é necessário que a lei garanta também a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. O poderoso lobby da indústria de direitos autorais quer a todo custo corromper o texto do Marco Civil para proteger o seu modelo de negócios e esse lobby está surtindo efeito. A recente inclusão do 2º parágrafo do artigo 15 é prova disso, ele criou brechas para a retirada de conteúdo sem ordem judicial, o que privilegia acordos secretos entre essa indústria e os provedores, dando a eles, agentes privados, o poder de definir se um conteúdo é infringente ou não, o que deveria caber à Justiça. Esse é o caminho mais fácil para a censura privada, ferindo a LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Defendemos, portanto, a aprovação do Marco Civil da Internet comprometido com a integridade dos três princípios fundamentais acima citados: NEUTRALIDADE DA REDE, PRIVACIDADE e LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DIVERSIDADE E PRIVACIDADE NA INTERNET!
CONTRA A CENSURA E BLOQUEIO DO COMPARTILHAMENTO DE ARQUIVOS!
EM DEFESA DA NEUTRALIDADE DA REDE!

INTERNET LIVRE SEMPRE, CENSURA NUNCA, MARCO CIVIL DA INTERNET JÁ!
Organizações/coletivos/movimentos que assinaram até 7 de outubro:
Grupo Marco Civil Já – www.marcocivil.org.br
Intervozes
FNDC
IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – www.idec.org.br
Barão de Itararé
Interagentes
Aquario Centro Cultural – www.aquario.tv
Mídia Ninja
Matilha Cultural - SP – www.matilhacultural.com.br
Existe Amor em SP
Advogados Ativistas – www.facebook.com/advogadosativistas
UFES / LABIC – ES – http://labic.net
Coletivo Soylocoporti – www.soylocoporti.org.br
Coletivo Arrua
Coletivo OCUPE A MÍDIA
Coletivo Casadalapa - SP
Coletivo Nós, Temporários - BH

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Tarso diz que mídia tem posição política e jornalista ri. Qual é a graça?

Em entrevista a Roda Viva, governador Tarso Genro disse que "maioria da mídia atravessa suas conviccções através do processo informativo". Jornalista riu como se ouvisse um disparate. Será?
O governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro foi o entrevistado desta segunda-feira (7) do programa Roda Viva, da TV Cultura. Temas do seu governo e o da Dilma Rousseff, eleições, foram abordados na mesa-redonda comandada pelo jornalista Augusto Nunes. Para ver a íntegra da entrevista, clique aqui.


Acompanhe a transcrição do "duelo", ainda que curto, entre o jornalista Augusto Nunes e o governador entrevistado, sobre a questão da mídia. Em debate, o posicionamento ideológico e político da mídia. Quem levou a melhor? Quem tem a razão?

Augusto Nunes: O senhor usou agora há pouco a expressão "cerco midiático". O senhor aplicou a expressão "massacre midiático" ao caso Battisti. o senhor até disse que alguns colunistas falsificaram a realidade de comum acordo com um governo mafioso, corrupto e desmoralizado da Itália. Por que o senhor só aplica essa expressão quando o governo perde?

Tarso Genro: Não, inclusive no caso Battisti eu não perdi. E o Berlusconi está na cadeia, efetivamente é um mafioso.

Augusto Nunes: Eu vou reformular a minha pergunta que está equivocada. Quando o senhor acha que há alguma conspiração contra o governo. Existe tanta conspiração assim?

Tarso Genro: Sinceramente Augusto, eu não trabalho com essas categorias de conspiração. Eu acho que o que existe é uma luta política de concepções, onde uma parte da mídia e a maioria da mídia atravessa suas conviccções através de um processo informativo, através dos artigos, através da interpretação das notícias, e seria estranho se nós não tivéssemos o direito de nos defender e dizer que essa visão é comprometida ideologicamente a partir de uma determinada visão, a partir de uma determinada concepção de mundo. Seria estranho se a mídia não tivesse posição política né?

Augusto Nunes:
De um lado e de outro

Tarso Genro: Eu diria predominantemente contra nós.

Augusto Nunes:
(Risos) O senhor acha?

Tarso Genro: Não acho, eu testo isso na própria pele.